A legalização da criação de animais silvestres no Brasil virou tema de discussão após a polêmica envolvendo uma capivara criada como animal doméstico por um influenciador no Amazonas. Para ter uma espécie do tipo em casa, é necessário cumprir uma série de exigências dos órgãos ambientais.

O biólogo Matheus Reis é um dos inúmeros pais de pets que cuidam com muito amor e carinho dos seus animais. Só que em vez de um cachorrinho ou um gatinho, ele escolheu ter uma jibóia de estimação.

Mas, no caso de um bicho silvestre como a Nagini, não basta só acolher, alimentar e dar um lar, é preciso cumprir uma série de exigências para garantir a segurança do animal e estar em dia com os órgãos ambientais.

Por isso, em 2018, ele encontrou um criadouro legalizado de serpentes em Minas Gerais, que fornece serpentes para todo o Brasil. Matheus conta que seguiu todos os trâmites como determina a legislação ambiental e avalia que, apesar de burocrático, o processo garante que o bichinho vai ser bem tratado desde o nascimento até a chegada ao novo lar.

No Brasil, é permitido criar espécies não-peçonhentas de cobras com origem em cativeiros legais, com registro no Ibama. Estes animais custam entre mil e 7 mil reais, dependendo da espécie.

Em compensação, não é necessário se preocupar com rações super premium caríssimas, já que a cobra se alimenta só duas vezes por semana. No prato, camundongos vivos! Ou congelados.

Nagini é parte dos cerca de 400 mil animais silvestres de mais de 500 espécies criadas legalmente em cativeiros no país.

A discussão sobre a autorização para criação de espécies silvestres veio à tona após a polêmica envolvendo um influenciador no Amazonas que cria uma capivara, batizada de Filó, como um pet doméstico, sem autorização dos órgãos ambientais.

O Brasil é um países que mais têm animais silvestres traficados ilegalmente, são cerca de 38 milhões por ano, o que movimenta US$ 2 bilhões anualmente no país.

Por trás desses número, há outra triste estatística: nove de cada 10 morrem antes de chegar às mãos do consumidor final, por causa dos maus tratos e da falta de cuidado dos traficantes.

O veterinário André Sena Maia explica que os comerciantes ilegais buscam vender cada vez mais animais silvestres por preços inferiores aos criadouros legalizados.

Para muitos juristas, a lei brasileira precisa ser revista, como explicou o presidente da Comissão de Proteção e Defesa dos Animais da OAB do Rio, Reynaldo Velloso.

Mesmo o bicho que esteja bem cuidado, há um grande risco de apreensão se não estiver legalizado, assim como aconteceu com a capivara Filó.

De acordo com o Dr. André Sena, é raro que animais silvestres sem documentação possam continuar sob a guarda de seus tutores, o que pode causar sofrimento tanto para o animal quanto para o ser humano.

Segundo a advogada Mariana Fogaça, especializada em direito ambiental, a regra geral é manter os animais silvestres em seu habitat natural. Por isso, o processo de legalização envolve riscos se o bicho não for comprovadamente bem cuidado pelo tutor.

Se você pensa em ter um animal silvestre como pet, esqueça qualquer possibilidade de conseguir seu bicho sem respeitar o processo legal e prepare-se para seguir todos as etapas burocráticas.

Caso contrário, talvez seja melhor optar por um cachorro ou gato mesmo. Até porque, em vez ir atrás de ratos para alimentar sua cobra de estimação, passar na loja e comprar um saco de ração é bem mais prático.

Fonte: Radio CBN  –  6/5/2023

Disponível em áudio e texto: https://cbn.globoradio.globo.com/media/audio/407793/saiba-quis-sao-exigencias-para-ter-um-animal-silve.htm?fbclid=IwAR1bO8AkCHtHbq01YrJZeFKCB926UiidgUqYtzF7vsWz-1bRmDUyXlMsLLo