Segundo artigo publicado na “Nature”, esses animais começaram a desaparecer por causa do resfriamento global e da queda na quantidade de dinossauros herbívoros.

O desaparecimento dos dinossauros como resultado da colisão de um asteróide com a Terra há 66 milhões de anos é uma hipótese amplamente aceita pela comunidade científica. Mas ainda há um tópico em discussão entre paleontólogos: esses répteis pré-históricos estavam ou não em declínio antes da extinção em massa?

Um estudo publicado na revista científica Nature Communications  nesta terça-feira (29/6) fornece mais subsídios para esse debate. Liderada pela Universidade de Montpellier, na França, a pesquisa defende que os dinossauros já estavam em declínio há 10 milhões de anos quando houve o impacto do asteróide no planeta.

“Nós analisamos as seis famílias mais abundantes de dinossauros durante todo o período Cretáceo, de 150 a 66 milhões de anos atrás, e descobrimos que eles estavam todos se desenvolvendo e sendo bem sucedidos”, explica, em nota, o pesquisador Fabien Condamine.

Há 76 milhões de anos, porém, houve um ponto de inflexão. “As taxas de extinção aumentaram e, em alguns casos, os índices de nascimento de novas espécie despencaram”, diz Condamine.

Para entender por que isso aconteceu, a equipe utilizou técnicas estatísticas que levaram em consideração diversas questões ainda incertas, como o registro de fósseis incompletos, a imprecisão quanto à data desses materiais e dúvidas relacionadas a modelos evolucionários.

Em todos os resultados obtidos, os pesquisadores encontraram evidências de declínio populacional anterior ao asteróide. Além disso, eles analisaram o funcionamento dos ecossistemas  e perceberam que os dinossauros herbívoros tendiam a desaparecer primeiro.

“Isso fez com que os ecossistemas ficassem instáveis e sujeitos ao colapso caso as condições ambientais se tornassem nocivas”, comenta Guillaume Guinot, um dos autores do artigo.

Também foi possível descobrir que o resfriamento global do clima prejudicou os dinossauros, que provavelmente contavam com temperaturas mais altas, e que as espécies de vidas mais longas eram as mais vulneráveis à extinção — o que indica a falta de adaptação a um ambiente em transformação.

Compreender esse aspecto da história é primordial, afirmam os pesquisadores. Isso porque os dinossauros dominaram o mundo por mais de 160 milhões de anos e, conforme a sua população entrou em declínio, outros grupos começaram a ganhar mais espaço. “Foi um momento-chave para a evolução da vida”, conclui Condamine.

Fonte: Revista Galileu – 30/6/2021.

Disponível em: https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2021/06/dinossauros-ja-estavam-em-declinio-antes-de-extincao-por-asteroide.html