Últimos espécimes do rato de Gould (“Pseudomys fieldi”) foram identificados entre 1856 e 1857 — até que cientistas o encontraram na baía Shark, no oeste do país.
Não há outro lugar no mundo com uma taxa de extinção de mamíferos tão alta quanto a Austrália. Desde a colonização européia, em 1788, 34 espécies terrestres do grupo já foram declaradas extintas no país — sobretudo roedores. Mas, de acordo com um novo estudo liderado pela Universidade Nacional da Austrália (ANU), um nome deverá ser retirado desta lista: trata-se do rato de Gould ou Pseudomys fieldi. Isso porque, considerada extinta há mais de 150 anos, a espécie, pouco menor que o rato-preto e considerada bastante sociável, foi redescoberta nas ilhas de Shark Bay, localizada na Austrália Ocidental.
“A ressurreição desta espécie traz boas notícias em face da taxa desproporcionalmente alta de extinção de roedores nativos, que representam 41% da extinção de mamíferos australianos desde a colonização europeia em 1788”, comemora, em comunicado, Emily Roycroft, bióloga, pesquisadora da ANU e principal autora do estudo, cujos resultados serão veiculados na edição de julho da revista científica PNAS.
Declínio catastrófico
Embora os roedores sejam os mamíferos mais gravemente afetados pela chegada dos europeus à Austrália, o registro histórico dessas extinções é considerado esparso, tal qual a escala e o momento de seu declínio populacional. Por isso, os pesquisadores compararam amostras de DNA de toda a assembleia de roedores extintos da família à qual pertence o rato de Gould — a Muridae. Ao todo, a equipe analisou espécimes de museu de oito roedores australianos extintos, assim como de 42 de seus parentes vivos.
Antes da colonização, esses roedores viviam em grandes populações, mas acredita-se que três fatores dizimaram os animais rapidamente: a introdução de espécies invasoras — tal como gatos selvagens e raposas —, o desmatamento de terras agrícolas e a dispersão de novas doenças. O estudo revelou que, um pouco antes de seu declínio, todas essas espécies tinham diversidade genética relativamente alta, o que sugere que essa característica não foi suficiente para protegê-las de uma extinção catastrófica.
Fonte: Revista Galileu – 29/6/2021.
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