A indústria veterinária deu início a uma corrida para desenvolver uma versão do Ozempic para pets. O medicamento humano contra diabetes teve um boom nos últimos dois anos pelo uso por pacientes para perda de peso. Agora, farmacêuticas focadas em saúde animal vêm pesquisando soluções para obesidade e sobrepeso em animais de estimação.
O remédio desenvolvido pela dinamarquesa Novo Nordisk é comercializado para o tratamento de pacientes adultos com diabetes tipo 2. Porém, por ser à base de semaglutida, ele retarda o esvaziamento do estômago e, imitando o hormônio chamado GLP-1, reduz o apetite e aumenta a saciedade por mais tempo.
Outros fármacos para obesidade também utilizam esse ingrediente ativo.
O sucesso do Ozempic o colocou em terceiro lugar na lista de medicamentos mais vendidos no mundo em 2023. De acordo com um levantamento do Fierce Pharma, a farmacêutica alcançou faturamento anual de US$ 14 bilhões (R$ 72,85 bilhões) só com esse produto. Tornou-se, inclusive, a empresa mais valiosa no mercado financeiro europeu.
A busca por viabilizar o Ozempic para pets vem sendo encabeçada pela indústria veterinária dos Estados Unidos. Com sede na Flórida, a Better Choice anunciou investimentos de US$ 1,5 milhão (R$ 7,5 milhões) em testes clínicos voltados ao tema.
O laboratório trabalha para desenvolver um suplemento capaz de auxiliar na perda de peso de animais domésticos. O princípio ativo é o mesmo do Ozempic.
A californiana Okava Pharmaceuticals, por sua vez, já está realizando os primeiros ensaios. A empresa de biotecnologia monitorou gatos expostos ao hormônio GLP-1 por 112 dias. No final do estudo, publicado na revista BMC Veterinary Research, os felinos perderam 5% de seu peso corporal.
Um Ozempic para pets poderia ajudar a reverter estatísticas alarmantes que envolvem o assunto. Estudo realizado entre médicos veterinários no Reino Unido mostrou que 50% dos cães e 43% dos gatos estão acima do peso ou obesos. Além disso, entre os profissionais entrevistados, 77% acreditam que a prevalência de obesidade entre animais domésticos aumentou.
Por aqui, o cenário é parecido. O Brasil fez parte de um mapeamento mundial realizado ao longo da última década pela Banfield Pet Hospital, rede norte-americana pioneira em cuidados veterinários. Nesse período, o número de gatos obesos ou com sobrepeso aumentou 114%, enquanto em cães o avanço foi de 108%.
Ao jornal Daily Mail, veterinários estrangeiros disseram acreditar que a semaglutida poderia, assim como ocorre com os humanos, restringir o apetite dos pets e, portanto, ser um tratamento eficaz para a obesidade em alguns casos. No entanto, isso dependeria de comprovações de segurança e eficácia.
Apesar dos estudos promissores no combate à obesidade em animais, veterinários reforçam que os tutores precisam adotar dietas balanceadas e rotina de exercícios físicos para ajudar os pets a emagrecer.
Fonte: Panorama Pet Vet – 4/7/2024
Disponível em: www.panoramapetvet.com.br
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