Ameaçadas de extinção, as tartarugas-cabeçudas buscam no litoral do Norte Fluminense o ambiente ideal para desovarem. O destino são as praias da região do município de São João da Barra, para onde elas migram anualmente, em meados de setembro, quando o ciclo reprodutivo começa. É lá também que o projeto Protegendo as Tartarugas Marinhas, recém campeão do prêmio mundial de sustentabilidade da Associação Internacional de Portos (IAPH, na sigla em inglês) de 2021, atua em prol da preservação da espécie desde 2008.
Desde a inauguração, o projeto já realizou a soltura de mais de um milhão de filhotes ao mar — marco atingido em 2020 —, em cerca de 65 ações de liberação ao longo dos anos, além de promover a educação ambiental a um público aproximado de 7.500 pessoas.
Responsável pelo projeto, o Porto do Açu está localizado dentro dos cem quilômetros da área prioritária para a conservação da espécie, sendo um espaço importante de alimentação, descanso e reprodução.
Segundo o diretor de relações institucionais do porto, Eduardo Kantz, o programa deve ser ampliado a partir do ano que vem, com a construção de uma nova sede ambiental na unidade de conservação de Caruara, e com um novo centro de visitantes no local. Além disso, o projeto pretende firmar mais parcerias no Brasil e a nível internacional, garantindo uma maior troca de informações científicas e de colaborações.
— Nós temos o compromisso de desenvolver o Açu para ser um porto seguro para os navios e também para as tartarugas marinhas — diz Kantz. — É conciliar o desenvolvimento com a preservação da biodiversidade.
Dividido em três linhas de atuação, o projeto conta também com a colaboração da população local para dar certo. São mais de 60 quilômetros de praia sendo monitorados diariamente, desde o pontal de Atafona, no município, até a Barra do Furado, em Campos dos Goytacazes. Toda a extensão é percorrida por equipes, formadas por moradores da região, que buscam rastros das tartarugas para a identificação e localização de novos ninhos.
Com a eclosão dos ovos e o nascimento dos filhotes, o projeto organiza eventos de soltura, reunindo escolas da região, pescadores, banhistas e a comunidade da região. Em razão da pandemia de Covid-19, no entanto, o último evento de liberação dos filhotes, no início do ano, foi mais reservado e controlado, segundo Kantz. A estimativa é que essas ações voltem à normalidade a partir da próxima temporada reprodutiva da espécie, em 2022, com a população vacinada.
Com o status de ameaça em perigo, de acordo com a classificação mais recente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a tartaruga-cabeçuda é uma das cinco espécies encontradas no Brasil, juntamente com a tartaruga-verde, a tartaruga-oliva, a tartaruga-de-pente e a tartaruga-de-couro. Contudo, segundo Kantz, ainda há poucas informações a respeito do ciclo de vida das espécies, pois tem muita coisa que não se sabe sobre as tartarugas.
Para mais detalhes sobre a Caretta caretta (nome científico desta tartaruga) visite o site do Projeto Tamar: https://www.tamar.org.br/tartaruga.php?cod=18&fbclid=IwAR3ORa6XqGOHXXJB11zo52ySvw-6myrCVE_CO-yVZVipcFmcvNB9eJvlf6M
Fonte: Jornal Extra – 2/7/2021.
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