A Policia Federal e o IBAMA deflagraram operação conjunta para repatriação de animais da fauna silvestre brasileira.

As 12 araras-azuis-de-lear (Anodorhynchus leari) e os 17 micos-leões-dourados (Leontopithecus rosalia) apreendidos com traficantes de fauna em Togo, na África, chegaram ao Brasil na noite de sábado, dia 24. Os animais foram transportados em aeronave da Polícia Federal. As aves estão de quarentena em São Paulo e os primatas foram encaminhados para o Rio de Janeiro.

Os animais foram apreendidos em uma embarcação na costa de Togo, país da África ocidental situado no Golfo da Guiné. O barco de bandeira brasileira, que saiu do Suriname ou da Guiana, teria apresentado problemas mecânicos próximos da costa de Lomé, capital do Togo, o que gerou uma abordagem pelas autoridades locais.

No interior da embarcação, estavam as 12 araras e 20 micos, mas três primatas estavam mortos. Pelo fato de os animais serem de espécies ameaçadas de extinção e de comércio controlado pela Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (Cites), os cinco tripulantes – um brasileiro, um uruguaio, um israelense, um surinamês e um togolês – foram presos.

O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) enviou uma veterinária e um analista ambiental do Ibama, além de 30 quilos de medicamentos e alimentos para os animais, que chegaram ao Togo no dia 18. Os animais, segundo a PF ainda estariam em situação precária e nas mesmas gaiolas em que foram encontrados na embarcação.

Os animais acabaram sendo levados para a sede da embaixada brasileira em Togo, sob responsabilidade do embaixador Nei Futuro Bitencourt. Para a RFI, o diplomata declarou:

“Tive de fazer pressão para retirá-los de dentro do barco, um veleiro, onde estavam sem ventilação, sob o sol com efeito estufa dentro da cabine, colados, mal alimentados, com barulho de motores e cheiro de combustível. Foram levados para um hangar aberto da alfândega do aeroporto, onde a situação melhorou, mas havia muito barulho, movimento de carros, caminhões e muitas pessoas, curiosos. O nível de stress era alto demais. Mas o mais grave é o risco de que sejam roubados, de que ‘desapareçam’, como já ocorreu em caso análogo”.

Bitencourt se referia ao furto de 23 araras-azuis-de-lear que foram apreendidas sendo traficadas no Suriname, em julho do ano passado, e estavam em instalações do governo daquele país. As aves faziam parte de um grupo de 29 araras e sete micos-leões-dourados que estavam sendo enviados para a Europa.

Com a chegada da equipe brasileira, os animais receberam os primeiros cuidados. As araras estavam bastante estressadas e os micos, desnutridos e com óleo (provavelmente da fumaça do motor do barco) na pelagem.

O avião da PF partiu do Brasil dia 20 com mais profissionais capacitados para o atendimento aos animais e o transporte até o Brasil com segurança. A equipe com as araras e os micos chegou ao Brasil por Recife às 22h30 de sábado.

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, após a quarentena, haverá avaliação para determinar se os animais têm condições de retorno à natureza. A PF e o MMA não passaram informações sobre a quadrilha presa no Togo ou sobre as investigações dos recorrentes casos de tráfico de araras-azuis-de-lear e de micos-leões-dourados.

Além deste caso e do ocorrido no Suriname, em julho de 2023, no final de janeiro, duas araras-azuis-de-lear foram apreendias em Mairiporã, município da Região Metropolitana de São Paulo. As aves eram criadas em uma residência e foram localizadas por integrantes de uma equipe da Guarda Civil Ambiental do município, que ouviram as vocalizações delas.

Em dois de fevereiro, duas ucranianas foram detidas pela Polícia Rodoviária Federal na altura do km 409 da rodovia BR-116, em Governador Valadares (MG), com ovos de aves da espécie. Uma das mulheres conseguiu quebrar quatro dos cinco ovos. Elas permanecem presas.

Fonte: Polícia Federal – 26/2/2024

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