A biologia sintética, ciência que busca “sequestrar“ organismos vivos e convertê-los para uso humano, começa a andar. Em 2010, colegas biólogos sintetizaram o genoma completo de uma pequena bactéria e mostraram que ela podia infectar outra. Agora, no que pode ser um avanço ainda mais significativo, demonstraram que podem mudar radicalmente um genoma e não apenas copiá-lo. Equipe liderada por Farren J. Isaacs e George M. Church, da Escola de Medicina de Harvard, criou um método para fazer centenas de alterações em um genoma simultaneamente. Essa enorme intervenção paralela, como as mudanças são chamadas, é um dos avanços necessários para outro projeto de Church: a recriação do mamute a partir do genoma de um elefante, alterando-o nos 400 mil pontos onde os DNAs dos animais diferem.

No momento, porém, Isaacs e Church estão trabalhando não com um mamute, mas com uma bactéria padrão dos laboratórios, a Escherichia coli. Para provar que podem tomar o controle do código genético do micróbio e reprogramá-lo, eles focaram em 64 elementos conhecidos como códons de finalização. Na edição de ontem da revista “Science”, os cientistas relatam que em breve poderão apagar estes códons nos 314 locais em que aparecem no genoma da E. coli sem prejudicar o microorganismo.

Ao controlar os códons de finalização, Isaacs e Church abriram as portas para a programação genética das bactérias. Eles podem fazê-la incorporar um novo tipo de aminoácido em suas proteínas.