O interesse do consumidor brasileiro pelo mercado de beleza natural “vegana, orgânica e sem testes em animais” vem crescendo, e surgem novas empresas de produtos com estas características. As gigantes do ramo de cosméticos já desenvolvem linhas para atender a esse público consciente, mas pequenos e médios empresários também podem (e devem) surfar na onda verde.
Esta tendência de negócios foi identificada em uma análise feita pelo SEBRAE nas redes sociais, levando em consideração dados levantados de 2014 a 2019. O estudo avaliou as principais oportunidades de negócios procuradas pelos empreendedores no período. Entre estas, figuravam, além dos produtos veganos, os naturais ou orgânicos para bebês e crianças, outro nicho em franco crescimento.
“Os consumidores estão cada vez mais conscientes e criteriosos com suas escolhas e preferências de compras” analisa Andrezza Torres, coordenadora nacional da cadeia de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos do SEBRAE.
MACROTENDÊNCIA
O levantamento, realizado pelo SEBRAE em Santa Catarina, foi feito por meio de uma metodologia chamada Netnografia, que analisa, por meio de uma ferramenta de monitoramento, como as pessoas se expressam espontaneamente nas redes sociais.
“Essa é uma macrotendência chamada Go Green, que agrega todos os sinais de que esse consumidor contemporâneo prefere produtos que tenham uma pegada verde, sejam orgânicos, botânicos ou veganos” afirma Andrezza.
Para ela, o pequeno negócio tem uma mobilidade mais ágil e flexível do que uma grande companhia, tanto na produção de um cosmético, quanto no oferecimento de um serviço. Andrezza diz que o microempreendedor tem de fazer valer essa flexibilidade e começar a testar, em sua empresa, alguns serviços com essa “pegada” verde.
“Se ele é um maquiador, pode oferecer maquiagens só com produtos dessa natureza e verificar como seus clientes aceitam essa nova modalidade. Se ele tem um salão, pode optar por que uma das cadeiras (posições do salão) seja verde, utilizando apenas produtos que não foram testados em animais ou que são genuinamente veganos. Então, há sempre a possibilidade de começar com pequenos testes para ver como funciona a cabeça do consumidor contemporâneo “aconselha.
No Brasil, o mercado de produtos orgânicos movimenta R$ 4,5 bilhões anualmente, de acordo com Associação de Promoção da Produção Orgânica (Organis). Números irrisórios em comparação ao mercado dos EUA, de US$ 50 bilhões.
PRODUÇÃO MAIS CARA
Para Andrezza, do SEBRAE, o Go Green pode ser considerado um nicho, pois ainda são poucos os serviços com essa especificidade ofertados ao consumidor. No entanto, a realidade deve mudar nos próximos anos.
“Esta preferência do consumidor está avançando muito rapidamente. Isso vem acontecendo em várias frentes: na alimentação, no vestuário e agora também na beleza. Diante disso, a gente pode considerar que há uma clara necessidade de que o pequeno negócio encare isso como um caminho a ser trilhado. Mesmo que nem toda sua oferta seja botânica, orgânica ou vegana, ele certamente terá que agregar isso à sua linha de produtos ou à sua gama de serviços para esse consumidor” explica.
Certificação
O método de produção é mais caro e, por consequência, os preços ao consumidor também são maiores. Uma pesquisa da Organis, feita no ano passado, mostra que 75% dos respondentes descrevem que os produtos orgânicos são “muito mais caros” ou “mais caros” do que os não-orgânicos. E isto leva muitos consumidores a evitar este tipo de produto.
-‘ Mas essa diferença de preço tende a se amenizar. Boa parte das pesquisas já aponta para um consumidor que aceita pagar mais por itens que sejam melhores para sua saúde ou até o para o seu humor “afirma Andrezza.
Clauber Cobi Cruz, diretor da Organis, explica que hoje ainda não existem cosméticos orgânicos, mas, sim, com ingredientes orgânicos.
“A legislação é um imbróglio. E isso não é exclusividade do Brasil. É assim no mundo inteiro” afirma.
Dione Vasconcellos conhece bem a situação. Sócia-diretora da Lola Cosméticas, fábrica de produtos de beleza, ela está há um ano e meio no processo de certificação internacional dos produtos orgânicos da marca.
“Até abril, esperamos ter a nossa primeira linha certificada, o que muda todo o nosso processo. Há uma área exclusiva de produção, o material de limpeza dos tanques também tem que ser certificado, assim como o rótulo e a embalagem” explica.
Na Simple Organic, marca de cosméticos orgânicos, veganos, naturais, cruelty-free, a fabricação teve início na Itália e, depois, veio para o Brasil. A empresa nasceu de um desejo da fundadora, Patricia Lima, de ter um negócio com impacto positivo.
“Sinto que, cada vez mais, as pessoas estão se preocupando com os ingredientes, não só dos alimentos, mas dos produtos que põem em contato com a sua pele. Dessa forma, a maquiagem natural e orgânica tem ascendido rapidamente no mercado. A conscientização é crescente e a aceitação também.
Fonte: Portal grupo de Diários América – 1/3/2020.
Disponível em: http://gda.com/detalle-de-la-noticia/?article=4107629
Deixe um comentário
Tem de iniciar a sessão para publicar um comentário.