Morreu, na tarde de ontem (27), o primatólogo Adelmar Coimbra Filho, aos 92 anos. Um dos principais conservacionistas do país, foi uma das vozes mais eloquentes contra a extinção do mico-leão-dourado, além de idealizar o Centro de Primatologia do Rio de Janeiro (CPRJ), criado em 1975. Adelmar foi fundador e diretor do Centro até 1994, quando se aposentou.
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Adelmar Coimbra-Filho, de 92 anos, foi um dos principais conservacionistas do país. Cearense radicado no Rio, ele participou de sociedades ligadas a áreas como botânica e zoologia. Publicou cerca de 200 trabalhos científicos sobre diversos assuntos ligados à conservação da biodiversidade brasileira, como biologia dos vertebrados, restauração de ecossistemas naturais, botânica florestal e conservação da natureza. Devido à importância de seu trabalho, o cientista deu nome a espécies de cacto, percevejo, bromélia e a um sagui.

Entre as diversas espécies que estudou, uma mereceu atenção especial, em uma luta que repercutiu no mundo inteiro: Coimbra tornou-se o principal porta-voz na luta contra a extinção do mico-leão-dourado, que conheceu por acaso na Zona Oeste do Rio, em 1940. A expansão da cidade e a ação dos caçadores devastaram a Mata Atlântica na região, levando o símio à ameaça de extinção. Vinte anos depois, havia menos de 200 na natureza. A partir de mapeamento realizado pelo próprio cientista, o governo federal criou uma área especial, a primeira reserva biológica do país, Poço das Antas, em 1974, no município fluminense de Silva Jardim.

Embora tenha seu nome ligado ao mico-leão-dourado, o primatologista nunca concordou com o nome pelo qual o primata foi batizado. Em vez do adjetivo “dourado”, ele preferia se referir ao animal usando a linguagem tupi-guarani, como sauí (primata) piranga (vermelho) porque, conta, a espécie só assume a coloração dourada quando em cativeiro: “Na natureza, ele é vermelho-alaranjado brilhante.”

Também rejeitava quando era chamado de “doutor”. No cartão de visitas, além da foto de um mico-leão-dourado, apresentava apenas o título “biólogo/primatólogo“.

No ano seguinte, o conservacionista desenvolveu outro projeto — entre Guapimirim e Cachoeiras de Macacu, no interior do estado, criou o Centro de Primatologia do Rio de Janeiro, que também abriga outros animais igualmente ameaçados, como macacos-aranha e muriquis.

— Coimbra foi um grande primatólogo e um entusiasmado pesquisador da Mata Atlântica — destaca Marcia Hirota, diretora da ONG SOS Mata Atlântica. — Deixa um legado enorme para a ciência brasileira.

No bioma, o mais ameaçado do país, Coimbra levou tucanos para o Maciço da Tijuca e plantou árvores emblemáticas. Para muitos ambientalistas, é considerado “o Nobel que o Brasil nunca teve”.

Coimbra morreu na tarde de segunda-feira, aos 92 anos. O velório será nesta terça-feira, às 10h, no Cemitério da Penitência.

Disponível em: http://notnatureza.blogspot.com.br/2016/06/morre-um-dos-maiores-conservacionistas.html

Em 28/6/2016.